Santos mártires chineses
Santos João Tchang, Patrício Tong, Felipe Tchiang, João Tchiang e João
Wang, seminaristas mártires de Tayuenfu (+ 9 de junho de 1900). Canonização: 1º
de outubro de 2000, por São João Paulo II. A festa é celebrada em 8 de julho.
A Igreja universal
ratifica a santidade destes 120 mártires, que em diversas épocas e lugares
deram a vida por fidelidade a Cristo: 32 deles foram martirizados entre 1814 e
1862; 86 morreram durante a revolta dos Boxers em 1900 e dois foram mortos em
1930. Entre eles, destacam-se seis bispos europeus, 23 sacerdotes, um irmão
religioso, sete religiosas, sete seminaristas e 72 leigos, dos quais dois
catecúmenos. Os mártires tinham entre 7 e 79 anos. Todos eles foram
beatificados, uns em 1900 e outros em 1946. Muitos deles eram chineses das
províncias de Guizhou, Hebei, Shanxi e Sichuan e 33 eram missionários europeus.
A perseguição
religiosa na China ocorreu em diversos períodos da sua história. A primeira
perseguição deu-se na dinastia Yuan (1281-1367). Prosseguiu mais tarde na
dinastia Ming (1606-1907), recrudescendo de forma especial em 1900 com a
revolta dos Boxers. E continuou durante as cinco décadas de governo sem
interrupção. Grande parte destes canonizados deram a vida durante a revolta dos
Boxers em 1900, que foi como que uma premonição do que iria acontecer nas cinco
décadas de governo comunista na China.
Os missionários
foram objeto de um édito imperial de 10 de julho de 1900, que fomentou e
provocou o massacre de milhares de cristãos. Outros morreram durante as
perseguições religiosas das dinastias Ming (1368-1644) e Qing (1644-1911).
Ficaram de fora as centenas de mártires que durante o regime comunista foram
perseguidos e deram a vida por fidelidade ao Evangelho e a Cristo. Para a
Igreja da China, é um acontecimento importante pela magnitude e pelo contexto
em que ocorre. É-o igualmente para a Igreja universal, bastante desconhecedora
do que acontece com a Igreja da China. Eis algumas considerações sobre o
significado do evento.
O martírio tem
assinalado a Igreja da China ao longo dos séculos, desde a chegada da mensagem
cristã no século VII com a vinda do monge sírio Alopen e dos nestorianos até
Xian, capital da dinastia Tang, no ano de 635. Os estudiosos da Igreja na
China, que falam de cinco tentativas de evangelização do país, concordam em
afirmar que cada tentativa em estabelecer a presença do Evangelho no Império do
Centro acarretou perseguições e martírio. Umas vezes pelas discrepâncias de
credos, porque o imperador era considerado o Filho do Céu; outras pelos
contrastes de culturas ou por motivos políticos; outras vezes por divisões
entre as congregações religiosas presentes no território. O fato é que estamos
diante de uma Igreja martirial. Mesmo hoje em dia isso é uma realidade
permanente tanto para as comunidades subterrâneas como para as que conseguem
atuar mais às claras.
O controle e a
perseguição variam conforme os lugares e as situações, mas os cristãos
continuam a ser abertamente perseguidos e, por vezes, encarcerados e
torturados. Como São João Paulo II dizia na sua mensagem aos católicos da China
por ocasião da celebração do ano jubilar: «O Jubileu será uma oportunidade para
lembrar os trabalhos apostólicos, os sofrimentos, as dores e o derramamento de
sangue que têm feito parte da peregrinação desta Igreja ao longo dos tempos.
Também no meio de vós o sangue dos mártires se converteu em semente de uma
multidão de autênticos discípulos de Jesus… E parece que este tempo de prova
ainda prossegue nalgumas localidades.»
Com esta
canonização, a Igreja da China envia uma mensagem profética ao mundo de hoje.
Tanto pela singeleza com que afirmaram a sua fé como pela valentia em recusar a
apostasia que os libertaria dos tormentos, da tortura e das infindáveis
humilhações, o testemunho destes 120 mártires é a palavra viva de Deus, clara e
ao mesmo tempo misteriosa. É sem dúvida alguma um encorajamento para as
gerações vindouras de cristãos. Para além deste grupo de cristãos, muitos mais
haveria a canonizar, mas, por falta de provas e informação, não puderam ser
reconhecidos, embora a Igreja autentique como valores de ontem e de hoje a
fidelidade a Cristo acima de qualquer ideologia, sistema ou tirania.
Os santos chineses
espelham uma capacidade de doação e uma confiança ilimitada em Deus num
contexto hostil à mensagem cristã. Se o autêntico tesouro do discípulo de
Cristo é a cruz e se não há outra forma de seguimento de Cristo senão através
da cruz, podemos dizer que a Igreja universal reconhece de forma pública o
testemunho destes mártires como riqueza para toda a Igreja.
Dos mártires
pertencendo à família franciscana, estes onze foram seculares e todos chineses,
são eles:
São João Zhang
Huan, seminarista
São Patricio Dong
Bodi, seminarista
São João Wang Rui,
seminarista
São Filipe Zhang
Zhihe, seminarista
São João Zhang
Jingguang, seminarista
São Tomás Shen
Jihe, leigo
São Simão Qin
Cunfu, leigo catequista
São Pedro Wu
Anbang, leigo
São Francisco Zhang
Rong, leigo
São Mateus Feng De,
leigo e neófito
São Pedro Zhang
Banniu, leigo
Fonte: https://franciscanos.org.br/carisma/calendario/os-santos-martires-chineses#gsc.tab=0
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