11 de julho - Bento de Núrsia
São Bento nasceu em Nursia, nos montes da Sabínia, pelos fins do
século V (cerca de 480). Estudou primeiro em Roma; depois, muito jovem ainda,
optou pela vida ascética como a via que deveria conduzi-lo seguramente para
Deus. Iniciou-a em Affila (Enfide); em seguida, adentrou-se mais na solitude e
se instalou numa gruta em Subiaco, onde viveu vários anos como eremita. Os
monges de Vicovaro escolheram-no como abade. Essa primeira experiência teve
como saldo um fracasso e Bento retornou a Subiaco onde discípulos vieram se
agrupar em torno dele. Mais tarde, acompanhado de alguns monges, foi se
instalar no cimo de Monte Cassino e tornou-se o pai de muitas comunidades de
monges, para os quais escreveu a Regra.
Esta regra se tornou, do século VIII ao XIII, a de quase todos os Monges do
Ocidente, e recomendada pela sua discrição e facilidade em adaptar-se a todos
os tempos e países.
São Bento foi declarado Patrono da Europa. E o fundamento desse patrocínio está
na majestosa obra civilizadora realizada pelos beneditinos. Foram na verdade os
construtores da Europa.
Todos os santos confiaram no espiritual, mas poucos mostraram como ele a
eficácia de confiar na primazia do espiritual para chegar a uma construção na
ordem temporal, na promoção da vida civilizada e do progresso terrestre. A
educação é o caminho normal de reformar, começando por dentro; de dar,
ensinando a produzir. Esse foi o princípio de sua grande ação civilizadora. O
seu ponto de partida foi a oração.
Foi com essa força silenciosa da oração que os beneditinos deixaram sua marca
impressa no mundo medieval e é essa força da oração que torna os mosteiros um
centro de atração.
À oração se ligou, como um irmão, o trabalho. Por isso, Ora et Labora,
tornou-se desde cedo uma divisa beneditina. Os monges beneditinos contribuíram
para o bem público, reconstruindo pontes ruídas, estradas desfeitas, diques
rompidos, realizando uma série de obras de competência do poder civil.
Clientela regular dos mosteiros beneditinos eram os prisioneiros, os
escravizados, os estrangeiros, os indigentes, os órfãos, os velhos, os
enfermos, enfim a massa imensa dos necessitados e carentes, atendidos seja por
meio de abrigos ou acantonamentos instalados nos campos dos mosteiros, seja por
meio de esmolas e socorro em espécie, tais como roupas e alimentos. Daí
surgiram as hospedarias beneditinas, existentes na maioria dos mosteiros, e
toda a tradição da hospitalidade beneditina. São Bento atribui ao ofício coral
a mais alta significação na vida do mosteiro. O coro é o meio fundamental na
procura de Deus. É o lugar do diálogo, mas a linguagem é do Espírito Santo.
São 14 séculos de vida beneditina, que legaram uma espiritualidade profunda e
que pode ser vivida tanto por monges quanto por leigos, e que tem como bases:
Obediência -
como maneira de retornar ao convívio com Deus do qual nos afastamos pelo pecado
Humildade –
vivida como "mistério", isto é, uma atitude que se toma, uma situação
que se vive e que, por graça de Deus, nos coloca na esfera da ação do Cristo em
nós, ou melhor, nos identifica com Ele
Hospitalidade –
como forma mais autêntica de apostolado beneditino.
Silêncio –
como meio de reverência ao outro e também como atitude de receptividade diante
de Deus. “Fala, Senhor, que teu servo escuta.” (1 Sm 3, 10)
Lectio Divina -
é uma atividade sagrada que tem por finalidade adquirir a sabedoria. Consiste
em concentrar toda a atenção da alma no texto, para lhe saborear a essência e
despertar o desejo de Deus.
Vivência da palavra de Deus –
Munido com a Palavra de Deus, o monge combate e trabalha a fim de a inserir na
vida, confiante na sua eficiência e apoiado na força de Deus.
Nada antepor a Cristo –
Cristo é Senhor e o monge é o seu servo. E devido à extensão do senhorio de
Cristo, o serviço do monge é total e universal. A vida do monge é seguir e
imitar Cristo.
Ofício Divino –
É uma oração em linguagem sobre humana, isto é, numa linguagem que Deus deu ao
homem para que pudesse ser adequadamente louvado.
Oração –
A vida inteira do monge é um esforço de oração; esse esforço apóia-se em
momentos privilegiados, tempos fortes que voltam a dar impulso à oração
incessante. A consciência do olhar de Deus sobre si em todo o tempo e momento,
é uma forma de oração contínua.
Textos extraídos das
obras:
Oury, Guy-Marie – Bento, Homem de Fé, Edições Lumen Christi
D. Lourenço de Almeida Prado, OSB – São Bento, o Eterno no Tempo, Edições Lumen
Christi
www.estudosmonásticos.com.br - Abade Joaquim Zamith, OSB – artigo A Escola da
Verdade e da Humildade
Nenhum comentário:
Postar um comentário