11 de junho - Sobre Barnabé Apóstolo

11 de junho - Sobre Barnabé Apóstolo

Barnabé: o “Filho de Consolo” 

QUANDO foi a última vez que um amigo consolou você? Lembra-se da última vez que você consolou alguém? De vez em quando, todos nós precisamos de encorajamento e apreciamos muito quem amorosamente o dá. Consolar envolve tomar tempo para escutar, entender e ajudar. Você está disposto a fazer isso? 

Alguém que demonstrou essa disposição de modo exemplar foi Barnabé, que “era homem bom e cheio de espírito santo e de fé”. (Atos 11:24) Por que se podia dizer isso de Barnabé? O que ele fez para merecer essa descrição? 

Ajudador generoso
Seu nome verdadeiro era José, mas os apóstolos lhe deram um apelido descritivo, bem de acordo com a sua personalidade: Barnabé, que significa “Filho de Consolo”.* (Atos 4:36) A congregação cristã havia sido formada recentemente. Alguns acham que Barnabé era discípulo de Jesus. (Lucas 10:1, 2) Quer isso seja verdade, quer não, esse homem granjeara estima. 

Logo depois do Pentecostes de 33 EC, Barnabé, que era levita de Chipre, vendeu voluntariamente algumas terras e deu o dinheiro aos apóstolos. Por que fez isso? O relato em Atos conta que, entre os cristãos de Jerusalém naquele tempo, “fazia-se distribuição a cada um, conforme tivesse necessidade”. Barnabé evidentemente viu que havia necessidade e de forma generosa tomou providências a respeito. (Atos 4:34-37) Talvez ele fosse um homem de posses, mas não hesitou em oferecer seus bens materiais e a si mesmo para promover os interesses do Reino.* “Quando Barnabé se deparava com pessoas que precisavam de encorajamento ou com situações que o exigiam, ele dava todo o encorajamento de que fosse capaz”, observa o erudito F. F. Bruce. Isso fica claro no segundo relato em que ele aparece. 

Por volta de 36 EC, Saulo de Tarso (o futuro apóstolo Paulo), que já se havia tornado cristão, tentava entrar em contato com os irmãos da congregação de Jerusalém, “mas todos eles estavam com medo dele, porque não acreditavam que fosse discípulo”. Como ele poderia convencer a congregação de que sua conversão era genuína, não apenas um estratagema para devastá-la ainda mais? “Barnabé veio . . . em seu auxílio e o conduziu aos apóstolos.” — Atos 9:26, 27; Gálatas 1:13, 18, 19. 

Não se menciona por que Barnabé confiou em Saulo. De qualquer modo, o “Filho de Consolo” viveu à altura do seu apelido, escutando Saulo e ajudando-o numa situação aparentemente sem saída. Embora Saulo retornasse então à sua cidade natal, Tarso, iniciara-se uma amizade entre os dois homens, que no futuro teria conseqüências importantes. — Atos 9:30. 

Em Antioquia
Por volta de 45 EC, chegaram a Jerusalém notícias acerca de acontecimentos incomuns ocorridos na Antioquia da Síria: muitos habitantes de língua grega daquela cidade estavam-se tornando crentes. A congregação enviou Barnabé para investigar o assunto e organizar a obra ali. Não se poderia ter feito uma escolha melhor. Lucas declara: “Quando ele chegou e viu a benignidade imerecida de Deus, alegrou-se e começou a encorajar todos a que continuassem no Senhor, tendo isso por objetivo do coração; pois ele era homem bom e cheio de espírito santo e de fé. E uma multidão considerável foi acrescentada ao Senhor.” — Atos 11:22-24. 

Mas ele não fez só isso. Segundo o erudito Giuseppe Ricciotti, “Barnabé era um homem prático, e imediatamente entendeu que era preciso tomar as medidas necessárias para se assegurar de que aquele campo promissor produzisse uma colheita abundante. A necessidade principal, portanto, era de trabalhadores para a colheita”. Visto que era de Chipre, Barnabé provavelmente estava acostumado a ter tratos com gentios. Talvez se sentisse especialmente qualificado para pregar aos pagãos. Mas estava pronto a incluir outros nessa atividade emocionante e encorajadora. 

Barnabé pensou em Saulo. É bem provável que ele estivesse a par da revelação profética que Ananias recebeu, na época da conversão de Saulo, de que o anterior perseguidor era ‘vaso escolhido, para levar o nome de Jesus às nações’. (Atos 9:15) Assim, Barnabé partiu para Tarso, que ficava a 200 quilômetros, para procurar Saulo. Os dois trabalharam juntos durante um ano inteiro, e “foi primeiro em Antioquia”, nessa época, “que os discípulos, por providência divina, foram chamados cristãos”. — Atos 11:25, 26. 

Durante o reinado de Cláudio, uma fome severa atingiu várias partes do Império Romano. Segundo o historiador judeu Josefo, em Jerusalém “muitas pessoas morreram por falta do necessário para obter alimentos”. Assim, os discípulos em Antioquia “resolveram, cada um deles segundo o que podia, prover aos irmãos que moravam na Judéia uma subministração de socorros; e isto fizeram, mandando-a aos anciãos, pela mão de Barnabé e Saulo”. Depois de cuidarem dessa incumbência, os dois voltaram com João Marcos para Antioquia, onde eram considerados profetas e instrutores da congregação. — Atos 11:29, 30; 12:25; 13:1. 

Designação missionária especial
Daí, ocorreu algo extraordinário. “Enquanto ministravam publicamente a Jeová e jejuavam, o espírito santo disse: ‘Dentre todas as pessoas, separai-me Barnabé e Saulo para o obra a que os chamei.’” Imagine só! O espírito de Jeová ordenou que os dois recebessem uma designação especial. “Concordemente, estes homens, enviados pelo espírito santo, desceram a Selêucia, e dali navegaram para Chipre.” Barnabé também podia ser chamado corretamente de apóstolo, ou alguém enviado. — Atos 13:2, 4; 14:14. 

Depois de percorrerem Chipre e converterem Sérgio Paulo, o governante provincial romano da ilha, seguiram para Perge, na costa sul da Ásia Menor, onde João Marcos os deixou e voltou para Jerusalém. (Atos 13:13) Parece que até então Barnabé tinha um papel dominante, talvez por ser o mais experiente. Desse ponto em diante, é Saulo (agora chamado de Paulo) que passa a tomar a dianteira. (Note Atos 13:7, 13, 16; 15:2.) Será que Barnabé ficou magoado com isso? Não, ele era um cristão maduro que reconhecia humildemente que Jeová também estava usando seu companheiro de viagem de forma poderosa. Por meio deles, Jeová queria que as boas novas fossem ouvidas em ainda outros territórios. 

De fato, antes de Paulo e Barnabé serem expulsos da Antioquia da Pisídia, toda aquela região ouviu a palavra de Deus da parte deles, e muitos aceitaram a mensagem. (Atos 13:43, 48-52) Em Icônio, “uma grande multidão, tanto de judeus como de gregos, se tornaram crentes”. Por isso, Paulo e Barnabé gastaram bastante tempo ali, ‘falando com denodo pela autoridade de Jeová, que concedia que ocorressem sinais e portentos por intermédio das mãos deles’. Ao ficarem sabendo que havia uma conspiração para apedrejá-los, eles prudentemente fugiram e continuaram seu trabalho em Licaônia, Listra e Derbe. Apesar do risco de vida que correram em Listra, tanto Barnabé como Paulo continuaram “fortalecendo as almas dos discípulos, encorajando-os a permanecerem na fé e dizendo: ‘Temos de entrar no reino de Deus através de muitas tribulações.’” — Atos 14:1-7, 19-22. 

Esses dois pregadores dinâmicos não se deixaram intimidar. Ao contrário, voltaram para edificar os novos cristãos em lugares onde já haviam encontrado oposição feroz, provavelmente ajudando homens habilitados a tomar a dianteira nas novas congregações. 

A questão da circuncisão
Uns 16 anos depois do Pentecostes de 33 EC, Barnabé participou dum evento histórico com respeito à questão da circuncisão. “Certos homens desceram . . . da Judéia [para a Antioquia da Síria] e começaram a ensinar os irmãos: ‘A menos que sejais circuncidados, segundo o costume de Moisés, não podeis ser salvos.’” Barnabé e Paulo sabiam por experiência que isso não era verdade, e contestaram a afirmação. Em vez de impor sua autoridade, eles reconheceram que essa era uma questão que precisava ser decidida para o bem da associação inteira dos irmãos. Assim, levaram a questão ao corpo governante em Jerusalém, e ali seus relatórios ajudaram a resolver o assunto. Depois, Paulo e Barnabé, descritos como “amados . . . que entregaram as suas almas pelo nome de nosso Senhor Jesus Cristo”, estavam entre os designados para comunicar a decisão aos irmãos em Antioquia. Quando se leu a carta do corpo governante e se proferiram discursos, a congregação ‘alegrou-se com o encorajamento’ e foi ‘fortalecida’. — Atos 15:1, 2, 4, 25-32. 

“Um forte acesso de ira”
Depois de tantos relatos positivos sobre Barnabé, pode-se pensar que nunca conseguiríamos imitar o exemplo dele. Mas o “Filho de Consolo” era imperfeito como todos nós. Enquanto ele e Paulo planejavam uma segunda viagem missionária para visitar as congregações, ocorreu uma desavença. Barnabé estava decidido a levar junto seu primo, João Marcos, mas Paulo não achava isso apropriado, visto que João Marcos os tinha abandonado na primeira viagem missionária. Ocorreu então “um forte acesso de ira, de modo que se separaram um do outro; e Barnabé tomou consigo Marcos e navegou para Chipre” ao passo que “Paulo selecionou Silas e partiu” em outra direção. — Atos 15:36-40. 

Que triste! Mesmo assim, o incidente nos ensina algo mais sobre a personalidade de Barnabé. “Barnabé, sem dúvida, merece crédito porque estava disposto a se arriscar e a confiar em Marcos pela segunda vez”, diz certo erudito. Conforme sugere esse escritor, é bem possível que “a confiança que Barnabé depositou nele tenha ajudado [Marcos] a restaurar sua própria confiança e tenha servido de incentivo para que assumisse novamente compromissos”. No fim das contas, aquela confiança se mostrou plenamente justificada, pois, com o tempo, até Paulo reconheceu que Marcos era útil no serviço cristão. — 2 Timóteo 4:11; note Colossenses 4:10. 

O exemplo de Barnabé nos estimula a tirar tempo para escutar, entender e encorajar os que estão desanimados e a dar ajuda prática sempre que percebemos que isso é necessário. Sua disposição de servir aos irmãos com mansidão e coragem, bem como os excelentes resultados que isso trouxe, são de encorajamento. Que bênção é ter, na atualidade, pessoas como Barnabé em nossas congregações!

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[Nota(s) de rodapé] 
Chamar alguém de “filho de” certa qualidade sublinhava uma característica destacada. (Veja Deuteronômio 3:18, nota, NM com Referências.) No primeiro século, era comum usar apelidos que destacavam as qualidades da pessoa. (Note Marcos 3:17.) Era uma espécie de reconhecimento público. 

Levando em conta o que a Lei mosaica determinava, alguns têm-se perguntado como Barnabé, um levita, podia possuir terras. (Números 18:20) Deve-se notar, porém, que não se especifica se a propriedade era na Palestina ou em Chipre. Além disso, talvez fosse apenas um terreno para sepultamento que Barnabé adquirira na região de Jerusalém. Qualquer que seja o caso, Barnabé renunciou à sua propriedade para ajudar outros. 

Barnabé “era homem bom e cheio de espírito santo e de fé” 

Fonte: https://wol.jw.org/pt/wol/d/r5/lp-t/1998284

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